Quem sabe tudo?

 

Por Aparecida Basto *

O mundo é tão cheio de informações, vasto de paisagens, com uma imensidão de sons que não percebemos que não somos capazes de saber de tudo, somos mais cegos e mais surdos.  Mas não mais mudos.  A necessidade de fala, retórica, de posicionamento é maior que a sabedoria de ficar em silêncio, observar e aprender.  Todo mundo acha que sabe tudo, logo ninguém sabe nada.

Se um sentimento de vazio invadir a vida, não se surpreenda . É normal essa solidão em meio a multidões. Podemos ter milhares de seguidores e amigos que não conhecemos em redes sociais virtuais, ou até mesmo centenas de pessoas com as quais  convivemos por anos nas redes sociais tradicionais: escola, igreja, família. E mesmo assim se sentir só.

A pergunta que ecoa nos pesamentos da sociedade atual é um murro de incompreensão. O que vai acontecer quando eu não abrir os olhos amanhã? Será que alguém vai chorar por mim? A certeza que sim, sempre esbarra no acho que não.  Talvez um só olhar, uma lagrima é o que todo mundo deseja quando os olhos não abrirem mais amanhã.

Assim acumula-se amigos em quantidade e não em qualidade. Acumula-se informação rasa e veloz no lugar de precisa e eficaz. Nesse formato novo de relações solúveis, amizades desfarelam em nichos de certezas absolutas. E se você discorda de mim, abandone minha página porque eu, bem ao meu tempo, sei mais do que você. Triste mas real.

 

*Jornalista, empresaria, especialista em comunicação em mídia digital. Instagram e Twitter @AparecidaBasto